ESCOLA PREPARATÓRIA DE CADETES DO AR - EPCAR
A sua história teve início em 1949, com a criação do Curso Preparatório de Cadetes do Ar, a partir do curso prévio da Escola de Aeronáutica, no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, considerado o Berço da Aviação Militar Brasileira. Foi lá que germinou a idéia de se criar um curso que preparasse convenientemente os futuros cadetes da nova Força Aérea.
O contexto mundial era favorável, em virtude do vertiginoso crescimento do poder aéreo, impulsionados pelas I e II Guerras Mundiais. A nova arma militar, o avião, exigia homens bem treinados para manejá-la e exercia verdadeiro fascínio sobre a juventude que era estimulada também, pela participação do 1º Grupo de Aviação de Caça, na campanha da Itália.
Foi assim que em 28 de março de 1949, o Presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, criou no Ministério da Aeronáutica, através do Decreto nº 26.514, uma Organização Militar similar que já existiu na Marinha e no Exército, o Curso Preparatório de Cadetes do Ar, precursor da atual EPCAR. O então Ministro da Aeronáutica, Tenente Brigadeiro do Ar Armando Figueira Trompowski de Almeida e Diretor de Ensino, o Brigadeiro do Ar Antônio Guedes Muniz.
A chegada dos 201 jovens alunos, pioneiros do Curso Preparatório de Cadetes do Ar, a Barbacena em 29 de julho de 1949, foi marcada por um clima de festas e solenes comemorações. Afinal tinha sido grande empenho da classe política do Município e da sua Sociedade Civil para que nele se instalasse a Escola, que em poucos anos se transformaria em um dos maiores centros de Ensino Médio do País e da América do Sul.
Antes de ocupar as instalações de Barbacena, o Curso Preparatório iniciou suas atividades provisoriamente na Escola Técnica de Aviação em São Paulo, em 28 de abril de 1949, para que o velho casarão de quase cem anos, sofresse as adaptações necessárias para receber os alunos.
Em 1950, foram realizadas novas obras de recuperação e modernização das instalações, dessa forma o primeiro ano do curso foi realizado de maio a setembro, na Escola de Especialistas de Aeronáutica, em Guaratinguetá, São Paulo.
Ainda hoje a imagem da EPCAR está associada ao imponente prédio do século passado, conhecido por já ter abrigado importantes instituições de ensino, do Império e da República. De 1874 a 1882 funcionou no local, o Colégio Providência. Em 1883 o prédio recebeu uma filial do Colégio Abílio, do Rio de Janeiro. A partir de 1890, foi criado o Ginásio Mineiro de Barbacena que funcionou até 1912. Em 1913 o local passou abrigar o Colégio Militar, até 1926 quando foi extinto. A partir de então, o Ginásio Mineiro voltou a ocupar as instalações até 1949, com a denominação de Colégio Estadual de Barbacena.
Desde o começo, vencendo os desafios e as adversidades, foram os pioneiros do Curso Preparatório, os grandes responsáveis por lançar as bases para que a nova Instituição de Ensino subsistisse, com a missão que lhe foi atribuída. A partir de 1949, a tradição da EPCAR foi construída especialmente devido ao espírito pioneiro, a decisão e ao idealismo dos oficiais que estiveram à frente da Unidade, definindo seus rumos, os seus Comandantes.
A EPCAR ficou não só pela nobre missão de preparar os futuros Cadetes do Ar e por extensão os futuros oficiais da Força Aérea Brasileira, mas também por formar grandes cidadãos para o país. Esta importância logo foi ratificada pelas autoridades do Ministério da Aeronáutica e em 21 de maio de 1950, pela Lei nº 1.105, o Curso Preparatório de Cadetes do Ar foi transformado em Escola. Em 1956 o cargo de seu comandante passou a ser privativo de Brigadeiro do Ar.
Desde seu início, a EPCAR buscou um projeto de ensino voltado para melhor preparação dos alunos visando ao ingresso no primeiro ano do Curso de Formação de Oficiais Aviadores, realizado a princípio na Escola de Aeronáutica, no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro, e depois na Academia da Força Aérea, em Pirassununga, São Paulo.
Esta preparação compreende a formação intelectual, correspondente hoje ao ensino médio, a formação militar que visa a integrar o aluno na profissão de oficial aviador e incentivar os valores e as virtudes militares, além da formação moral e cívica, baseada nos elevados conceitos de honestidade e lealdade, do amor à pátria e na convicção do cumprimento do dever.
A prática desportiva, tem se encarregado de condicioná-los cedo, para o exercício da atividade de piloto combate, o objetivo da maioria dos alunos. Tamanhas exigências fizeram com que e a Escola buscasse uma dinâmica pedagógica, que prepare não apenas o militar, mas o profissional e o homem integrado na sociedade do seu tempo.
Em 1992, suspendeu, temporariamente, a formação em nível do segundo grau, do ensino médio. Em 1993 a 1996 recebeu a atribuição de planejar e executar cursos e estágios de adaptação ao oficialato destinado a preparar em nível militar profissionais já formados que integrarão os Quadros de Oficiais Médicos, Dentistas e Farmacêuticos e o Quadro Complementar de Oficiais.
Em 1995, foi determinada a reativação a partir de 1996, do terceiro ano do Curso Preparatório de Cadetes do Ar e em 1997, a reativação do segundo ano. No ano de 2000, com reativação do primeiro ano a EPCAR retornou a sua tradição iniciada em 1949, com a chegada dos primeiros alunos em Barbacena, episódio que marcou expressivamente o primeiro capítulo de sua trajetória.
A EPCAR tem procurado cumprir sua missão de formar e honrar as suas tradições no ensino, com os pés no passado, as mãos no presente e os olhos no futuro.
Maj QFO SILVANA - 2001
ACADEMIA DA FORÇA AÉREA - AFA
A história da Academia da Força Aérea está intimamente ligada à história da Força Aérea Brasileira. Falar da Academia, sem falar da história da FAB, seria deixar uma lacuna impreenchível no passado da formação dos oficiais da Aeronáutica.
A idéia de criar a Força Aérea remonta à I Guerra Mundial, quando coube à Marinha tomar a iniciativa de organizar o primeiro núcleo militar de aviação do Brasil. Estava, pois, dado o primeiro passo. Pelo Decreto no 12.167, de 23 de agosto de 1916, o então Presidente da República Wenceslau Braz, fundava a Escola de Aviação Naval, enquanto o Ministro da Marinha, Almirante Alexandrino Faria de Alencar, iniciava as negociações para a aquisição dos primeiros aviões militares brasileiros, a fim de equipar aquela Escola. Foram três Curtiss, modelo F, adquiridos dos Estados Unidos da América.
O Exército só iria ter sua Escola de Aviação Militar após o término da Guerra. Em 15 de janeiro de 1919, pelo Decreto 13.417, foi aberto um crédito de dois mil contos de réis, para que se organizasse o serviço de Aviação Militar. O serviço foi provido de infra-estrutura, adquirindo‐se aviões e outros materiais necessários. Foram contratados, também, professores para a Escola, além de operários para a manutenção.
A inauguração oficial da Escola de Aviação Militar ocorreu no dia 10 de julho de 1919, sendo o Tenente Coronel Estanislau Vieira Pamplona, seu primeiro Comandante. Os aviões da Escola, vindos para o Brasil em 1919 e 1920, eram franceses, da I Guerra, da marca Nieuport e Spad 84 "Herbermont".
A aviação no Brasil ficou por muitos anos dividida entre o Exército e a Marinha. Entretanto, a criação de uma Força nova e independente há muito fazia parte das cogitações de vários idealistas, sendo um dos primeiros no Ministério do Ar no Brasil, o Major Lysias Augusto Rodrigues, Aviador Militar. O Major Lysias, contudo, levantou a sua voz entusiasta numa época em que tanto a Aviação Naval como a Militar não tinham alcançado ainda um pleno desenvolvimento, ficando a sua idéia conservada durante muitos anos, vindo a se concretizar no eclodir da II Guerra Mundial.
O Ministério da Aeronáutica foi instituído pelo Decreto nº 2.961, de 20 de janeiro de 1941 e, logo após a sua criação, sentiu‐se a necessidade de intensificar a formação de pessoal. A Força Aérea, em eminente expansão, devido às necessidades da Guerra, às portas do Brasil, obrigou-se a um programa de aceleração imediata do ritmo de formação de pessoal navegantes e especialistas. Além disso, o novo Ministério acabava de herdar das aviações do Exército e da Marinha, uma duplicidade de centros de formação que, por razões óbvias, devia ser eliminada. Conseqüentemente, foram extintas a Escola de Aviação Militar e a Escola de Aviação Naval, enquanto era criada, no Campo dos Afonsos, a Escola de Aeronáutica, pelo Decreto nº 3,142, de 25 de março de 1941, que iria centralizar toda a formação de oficiais aviadores. Na Ponta do Galeão, destinada à formação do pessoal de manutenção, foi criada a Escola de Especialistas de Aeronáutica, nas instalações da antiga Escola de Aviação Naval.
Por meio do aviso nº 16, de 23 de janeiro de 1942, foi designada uma comissão de oficiais aviadores, com a finalidade de escolher um novo local, isento das limitações do Campo dos Afonsos, para a construção da nova Escola de Aeronáutica. Entre os lugares cogitados, foi selecionado o interior do Estado de São Paulo, se destacando as cidades de Campinas, Pirassununga, Rio Claro e Ribeirão Preto. A escolha de Pirassununga decorreu das excepcionais características topográficas da área oferecida (o local era denominado Campo Alto, a leste da cidade).
Ainda durante a II Guerra Mundial, se iniciava a construção dos primeiros hangares da nova Escola de Aeronáutica. No ano de 1949, o Ministério da Aeronáutica designou um grupo de oficiais para apresentar projeto sobre a nova Escola, o qual resultou na Comissão de Estudos e Construção da Escola de Aeronáutica, que recebeu a incumbência de submeter à aprovação do Ministro da Aeronáutica a proposta de atualização do projeto da Escola, além de providenciar e fiscalizar a construção. Em 17 de julho de 1956, foi nomeada nova comissão para elaborar o projeto definitivo da Escola, que deveria atender as duas fases: mudança para Pirassununga do último ano do Curso de Formação de Oficiais Aviadores e, posteriormente, mudança completa da Escola.
Em 17 de outubro de 1960, foi inaugurado o Destacamento Precursor de Aeronáutica, durante as festividades da semana da Asa, com a presença do Exmo Sr Ministro da Aeronáutica, Tenente Brigadeiro do Ar Francisco de Assis Corrêa de Mello, do Governador do Estado de São Paulo e de outras autoridades. A nova Escola teve como primeiro Comandante o Major Aviador Aloysio Lontra Netto.
As construções eram poucas e precárias, contando apenas com dois hangares. Os alojamentos, cassinos e instalações de infra‐estrutura eram em sua maioria concentradas no antigo prédio da Divisão de Apoio. A pista antiga, no mesmo lugar da atual, era de menores dimensões e gramada.
O ano de 1968 foi coroado com a chegada das aeronaves a jato T‐37C, que marcariam o início de uma nova era. No dia 9 de setembro, foi realizado o primeiro vôo de instrução de cadetes naquela aeronave. Em 10 de julho de 1969, a Escola de Aeronáutica passou a se denominar Academia da Força Aérea, e, em decorrência, o Destacamento passou a se denominar Destacamento Precursor da Academia da Força Aérea.
No ano de 1971, a Academia da Força Aérea foi transferida, definitivamente, do Campo dos Afonsos para Pirassununga, sendo o seu primeiro Comandante o Brigadeiro do Ar Geraldo Labarthe Lebre. Nessa época, o Corpo de Cadetes da Aeronáutica já havia sido removido da Divisão de Apoio, onde hoje é o alojamento das Praças, para o prédio do 4º Esquadrão de Cadetes, onde ficavam os cadetes do último ano.
As instalações da AFA foram construídas de acordo com um projeto (plano diretor), o qual pode ser modificado conforme com eventuais necessidades, desde que aprovado por autoridades competentes. A Academia dispõe de uma área construída de 215.246m², sendo 141.800m² de área administrativa e 73.246m² de área residencial. Para seu funcionamento, a AFA possui uma Estação de Tratamento de Água com uma rede hidráulica medindo, aproximadamente, 15km e mantendo uma capacidade/dia de 6.000.000 litros, utilizando as águas do Rio Mogi Guaçu; possui, no sistema de energia elétrica, 41km de redes aéreas e subterrâneas de tensão, além de uma rede viária de 50 km e uma rede telefônica com cerca de 23 km.
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